terça-feira, 10 de junho de 2008

Continuam a voar os pássaros…

ei-lo
o último poema.
o sentir expirado num derradeiro fonema
ei-lo que se vai
arrancado de mim com violência
que um tão forte sentir não sai
com delicada ciência

soçobrei
de tão fatigado que estou
sinto estilhaçado tudo o que me restou
assim seja
apesar do muito que ainda me sobeja
é tempo de dizer que tudo acabou

sigo em frente
deixando-te para trás
e a recordação que o teu olhar me traz
mas não tenho paz
não tenho…

sigo o rumo do meu país
aquele com que tenho sonhado
ainda que saiba que ele nascer não quis
de tanto o sonhar o tenho amado

já não o habitarás
como eu o tinha determinado
e por mim não chamarás
nos dias de tanta luz clareados

nele, os pássaros voarão
livres, no céu azul
e nessa imensidão
será verão
estio de norte a sul

tu não estarás lá
não te estenderei a minha mão
o meu desejo não te alcançará
porque esse país existe no meu coração
e de ti, só as memórias o habitarão

sinto-me dormente
estranhamente contente
pelos grilhões que acabo de quebrar
ainda que te continue a sonhar
eternamente…


leal maria

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